Na liturgia cristã, o réquiem é uma espécie de prece ou missa especialmente composta para um funeral. Na música, por sua vez, o termo faz referência às composições feitas sobre os textos litúrgicos relatados na primeira acepção, muito embora haja ainda referências ocasionais a outras composições musicais em honra aos mortos.
Eu, particularmente, adoro filmes que desnudam a alma
humana; filmes que causam uma espécie de asco e fascínio em quem assiste.
Filmes que me deixam sem fala quando terminam... Desses filmes...
Ontem a noite, eu vi um filme maravilhoso estrelado pelo
lindíssimo Jared Leto – Requiem for a Dream.
E olha, menina, que filme...
Um filho problemático e rebelde, viciado em drogas
sintéticas. Uma mãe passiva e super protetora que perde todo o sentido da vida
quando fica viúva e o filho sai de casa. Uma garota viciada em heroína que
sonha em ser designer de moda. Um cara fracassado também viciado em heroína e
que sonha em “subir” na vida da maneira mais fácil. Tudo isso amarrado numa
trama frenética do jeito que só o Darren Aronofsky consegue fazer.
Mas antes vamos falar de Pós-modernidade, vulgarmente
conhecida como Era de Aquário. Como o mundo tá louco não? Os mais entusiastas
diriam que isso é o começo de uma nova era... Não duvido. Mas vamos combinar
que a coisa não tá bonita né? A modernidade nos deixou vazios de valores e
paradigmas e o que nos resta é o nada. Ou a dita Pós-modernidade. Mas, tio
Uigue, isso é ruim? Eu não diria ruim, paradigmas são para serem quebrados e
revistos, só para isso que eles servem. O que eu critico é a postura das
pessoas que, para justificar suas loucuras e desvios, usam adesculpas que “são
os novos tempos”. Por favor, me faça uma garapa de limão balão com 51. Mas o
motivo de citar a Era de Aquário não era esse e sim trazer a luz o quanto
estamos condicionados a vivermos loucos e ansiosos a “nos dar bem na vida” e o
que essa ansiedade nos provoca: somos escravos de um sistema exploratório onde
é possível “comprar a felicidade” e ela só é obtida desse jeito: pela compra. E
essa “felicidade” vem de muitas formas, inclusive, sob a forma de drogas
sintéticas, o ponto alto do filme. Eu não sou contra o uso de drogas, acho que
cada um sabe o que faz e mesmo os que não sabem, tem informação o suficiente
para. Fora que, tem drogas como a maconha (LEGALIZA!) que não são tão maléficas
ou vilãs assim, pois antes mesmo de se utilizar como droga, eram usadas para
fitoterapia e razões ~místicas~.
Mas voltando ao filme... O Harry (o filho rebelde) é
viciadíssimo em heroína, do tipo que vende as coisas da mãe (D. Sara, simpática
ela). Até que um dia ele tem a grande ideia de vender cocaína adulterada para
poder ter mais dinheiro para “se picar” e chama seu grande amigo Tyrone (o cara
fudido que sonha em crescer na vida) e sua namorada (a Marion, personificada
pela grande Jennifer Connelly – checar grafia) para fazer parte do
negócio. Até ai tudo muito bem, tudo muito bem. Do outro lado da cidade, a
simpática e risonha D. Sara, vive sua vida sofrida e solitária, cuja única
diversão é ver televisão. Através desse vicio, ela consegue esquecer de todos
os problemas relacionados a sua vida tediosa e carente de atenção. Ah, e ela
tem um sonho: aparecer na televisão um dia. Não pretendo discorrer mais sobre o
roteiro do filme e sobre o que acontece com eles porque isso seria dar spoilers
e eu não sou mais a pessoa pró-spoiler que era antigamente. Vou focar minhas
atenções na personagem Sara Goldberg -ela me conquistou e fisgou toda a minha
atenção, essa danada.
Um dia essa linda moça recebe um telefonema dizendo que ela
seria chamada para um programa de tv. A mulé~ entrou em surto. Tinha porque
tinha de mudar a aparência e emagrecer de todo jeito. Inclusive, ela passou a
ser uma celebridade instantânea na vizinhaça. Tudo perfeito. O que poderia
acontecer de pior?
Desde então, começou a vigília diária da balança e da caixa
de correios, esperando por pesos perdidos e informações do programa sobre
quando ela iria aparecer. A dieta rigorosa não estava trazendo resultados
esperados e ela resolveu, então, procurar um médico que a receitasse remédios
para emagrecer e assim aconteceu. Ela passou a tomar pílulas em certos horários
e uma para dormir. Só que ela não contava com os efeitos colaterais: alucinação
e paranoia. Não que remédios para emagrecer causem isso (rs), mas acontece que
no começo dos anos de 1980, a metanfetamina era uma substância utilizada para
esse fim (depois se descobriu o malefícios etcetc). Do uso excessivo, D. Sara
ficou louca coitada; entrou no ralo mesmo e não conseguiu sair. Louca de pedra.
Resumo da ópera: Ela terminou internada em um hospital psiquiátrico e vivendo
tratamento de choque. Sua vida toda foi destruída e até mesmo sua dignidade. E
tudo isso por causa do sonho de fama que lhe venderam. O sonho de felicidade que
ela foi condicionada a acreditar que existia.
Ponto alto do filme é a fotografia e edição. Tudo no filme passa a sensação de ~lombra~ e ~fritação~ de droga sintética. A cena da Sara ligando a tv por exemplo, entre outras. A maquiagem também é sensacional. A Ellen Burstyn se transformou mesmo a ponto de se tornar irreconhecível no fim do filme.
No final, eu fiquei extremamente reflexivo e uma pergunta povoa minha mente até hoje: quanto vale um sonho? Onde que a busca por um sonho deixa de ser válida e se torna obsessão?
Fica ai a dica de filme e reflexão.
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Ellen Burstyn <3 |
Trailer:
Sinopse:
Uma visão frenética, perturbada e única sobre pessoas
que vivem em desespero e ao mesmo tempo cheio de sonhos.
Harry Goldfarb (Jared Leto) e Marion Silver (Jennifer
Connelly) formam um casal apaixonado, que tem como sonho montar um pequeno
negócio e viverem felizes para sempre.
Porém, ambos são viciados em heroína, o que faz com que
repetidamente Harry penhore a televisão de sua mãe (Ellen Burstyn), para
conseguir dinheiro.
Já Sara, mãe de Harry, viciada em assistir programas de TV.
Até que um dia recebe um convite para participar do seu show
favorito, o "Tappy Tibbons Show", que transmitido para todo o país.
Para poder vestir seu vestido predileto, Sara começa a tomar
pílulas de emagrecimento, receitadas por seu médico.
Só que, aos poucos, Sara começa a tomar cada vez mais
pílulas até se tornar uma viciada neste medicamento. (Fonte: Filmow)
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