segunda-feira, 16 de junho de 2014

Requiem For A Dream (2000) - A Vida Não é Um Sonho

Na liturgia cristã, o réquiem é uma espécie de prece ou missa especialmente composta para um funeral. Na música, por sua vez, o termo faz referência às composições feitas sobre os textos litúrgicos relatados na primeira acepção, muito embora haja ainda referências ocasionais a outras composições musicais em honra aos mortos.


Eu, particularmente, adoro filmes que desnudam a alma humana; filmes que causam uma espécie de asco e fascínio em quem assiste. Filmes que me deixam sem fala quando terminam... Desses filmes...
Ontem a noite, eu vi um filme maravilhoso estrelado pelo lindíssimo Jared Leto – Requiem for a Dream.  E olha, menina, que filme...
Um filho problemático e rebelde, viciado em drogas sintéticas. Uma mãe passiva e super protetora que perde todo o sentido da vida quando fica viúva e o filho sai de casa. Uma garota viciada em heroína que sonha em ser designer de moda. Um cara fracassado também viciado em heroína e que sonha em “subir” na vida da maneira mais fácil. Tudo isso amarrado numa trama frenética do jeito que só o Darren Aronofsky consegue fazer.


Mas antes vamos falar de Pós-modernidade, vulgarmente conhecida como Era de Aquário. Como o mundo tá louco não? Os mais entusiastas diriam que isso é o começo de uma nova era... Não duvido. Mas vamos combinar que a coisa não tá bonita né? A modernidade nos deixou vazios de valores e paradigmas e o que nos resta é o nada. Ou a dita Pós-modernidade. Mas, tio Uigue, isso é ruim? Eu não diria ruim, paradigmas são para serem quebrados e revistos, só para isso que eles servem. O que eu critico é a postura das pessoas que, para justificar suas loucuras e desvios, usam adesculpas que “são os novos tempos”. Por favor, me faça uma garapa de limão balão com 51. Mas o motivo de citar a Era de Aquário não era esse e sim trazer a luz o quanto estamos condicionados a vivermos loucos e ansiosos a “nos dar bem na vida” e o que essa ansiedade nos provoca: somos escravos de um sistema exploratório onde é possível “comprar a felicidade” e ela só é obtida desse jeito: pela compra. E essa “felicidade” vem de muitas formas, inclusive, sob a forma de drogas sintéticas, o ponto alto do filme. Eu não sou contra o uso de drogas, acho que cada um sabe o que faz e mesmo os que não sabem, tem informação o suficiente para. Fora que, tem drogas como a maconha (LEGALIZA!) que não são tão maléficas ou vilãs assim, pois antes mesmo de se utilizar como droga, eram usadas para fitoterapia e razões ~místicas~.
Mas voltando ao filme... O Harry (o filho rebelde) é viciadíssimo em heroína, do tipo que vende as coisas da mãe (D. Sara, simpática ela). Até que um dia ele tem a grande ideia de vender cocaína adulterada para poder ter mais dinheiro para “se picar” e chama seu grande amigo Tyrone (o cara fudido que sonha em crescer na vida) e sua namorada (a Marion, personificada pela grande Jennifer Connelly – checar grafia) para fazer parte do negócio. Até ai tudo muito bem, tudo muito bem. Do outro lado da cidade, a simpática e risonha D. Sara, vive sua vida sofrida e solitária, cuja única diversão é ver televisão. Através desse vicio, ela consegue esquecer de todos os problemas relacionados a sua vida tediosa e carente de atenção. Ah, e ela tem um sonho: aparecer na televisão um dia. Não pretendo discorrer mais sobre o roteiro do filme e sobre o que acontece com eles porque isso seria dar spoilers e eu não sou mais a pessoa pró-spoiler que era antigamente. Vou focar minhas atenções na personagem Sara Goldberg -ela me conquistou e fisgou toda a minha atenção, essa danada.
Um dia essa linda moça recebe um telefonema dizendo que ela seria chamada para um programa de tv. A mulé~ entrou em surto. Tinha porque tinha de mudar a aparência e emagrecer de todo jeito. Inclusive, ela passou a ser uma celebridade instantânea na vizinhaça. Tudo perfeito. O que poderia acontecer de pior?
Desde então, começou a vigília diária da balança e da caixa de correios, esperando por pesos perdidos e informações do programa sobre quando ela iria aparecer. A dieta rigorosa não estava trazendo resultados esperados e ela resolveu, então, procurar um médico que a receitasse remédios para emagrecer e assim aconteceu. Ela passou a tomar pílulas em certos horários e uma para dormir. Só que ela não contava com os efeitos colaterais: alucinação e paranoia. Não que remédios para emagrecer causem isso (rs), mas acontece que no começo dos anos de 1980, a metanfetamina era uma substância utilizada para esse fim (depois se descobriu o malefícios etcetc). Do uso excessivo, D. Sara ficou louca coitada; entrou no ralo mesmo e não conseguiu sair. Louca de pedra. Resumo da ópera: Ela terminou internada em um hospital psiquiátrico e vivendo tratamento de choque. Sua vida toda foi destruída e até mesmo sua dignidade. E tudo isso por causa do sonho de fama que lhe venderam. O sonho de felicidade que ela foi condicionada a acreditar que existia.
Ponto alto do filme é a fotografia e edição. Tudo no filme passa a sensação de ~lombra~ e ~fritação~ de droga sintética. A cena da Sara ligando a tv por exemplo, entre outras. A maquiagem também é sensacional. A Ellen Burstyn se transformou mesmo a ponto de se tornar irreconhecível no fim do filme.
No final, eu fiquei extremamente reflexivo e uma pergunta povoa minha mente até hoje: quanto vale um sonho? Onde que a busca por um sonho deixa de ser válida e se torna obsessão?
Fica ai a dica de filme e reflexão.


Ellen Burstyn <3

Trailer:

Sinopse:

 Uma visão frenética, perturbada e única sobre pessoas que vivem em desespero e ao mesmo tempo cheio de sonhos.
Harry Goldfarb (Jared Leto) e Marion Silver (Jennifer Connelly) formam um casal apaixonado, que tem como sonho montar um pequeno negócio e viverem felizes para sempre.
Porém, ambos são viciados em heroína, o que faz com que repetidamente Harry penhore a televisão de sua mãe (Ellen Burstyn), para conseguir dinheiro.
Já Sara, mãe de Harry, viciada em assistir programas de TV.
Até que um dia recebe um convite para participar do seu show favorito, o "Tappy Tibbons Show", que transmitido para todo o país.
Para poder vestir seu vestido predileto, Sara começa a tomar pílulas de emagrecimento, receitadas por seu médico.
Só que, aos poucos, Sara começa a tomar cada vez mais pílulas até se tornar uma viciada neste medicamento. (Fonte: Filmow)



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