domingo, 25 de maio de 2014

A lógica do mundo

Sou de um tempo em que se consertavam as coisas.
Ou pelo menos minha alma é.
Hoje em dia, "perde-se a graça" e logo se joga fora.
E quando o que se jogou fora é encontrado por alguém que ainda reconhece o valor do que foi jogado fora e o conserta, limpa e dá uma nova vida, quem jogou fora, se arrepende e busca a todo custo reaver o que jogou fora ou substituí-lo...
E assim caminha a Humanidade.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Sobre excessos

A Força do Silêncio (Cidadão Quem)
 
Pra que tanta inteligência?
Pra que tanta emoção?
Qualquer coisa em excesso faz sucesso meu irmão
Tanta gente com certeza
Quanta gente sem noção
Em excesso até o fracasso faz sucesso por aí
E eu tenho fé na força do silêncio
Se as cores vão berrando no sol ensurdecedor
Fecho os olhos… Outro mundo
Vou morar no interior
Transbordou a mesa ao lado
Um tsunami arrasador
Fecho os olhos… Outro mundo
Vou morar no interior
E eu tenho fé na força do silêncio
A fé que me faz
Aceitar o tempo
Muito além dos jornais
E assim mergulhar no escuro
Pular o muro
Pra onda passar
Vi um punk na farmácia atrás de protetor solar
Baile funk no plenário
Ambulância quer passar
Futebol, mesa-redonda, exorcista, camelô
A onda agora é outra onda
Um tsunami arrasador
E eu tenho fé na força do silêncio
A fé que me faz
Aceitar o tempo
Muito além dos jornais
E assim mergulhar no escuro
Pular o muro
Pra onda passar


Fernandiando a vida: Em reformas.

Agora um poema:
 
"Poema em Linha Reta"
Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
 
 
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.




domingo, 18 de maio de 2014

"Esse é o dia que eu pararei de falar de amor porque ele não existe."

O que está acontecendo com as pessoas, hein?
Cada dia que passa, perco a fé e a vontade do ser humano. Sinto-me tão decepcionado e triste pela realidade ser tão feia. Posso parecer uma pessoa ingênua, e de fato sou, por acreditar nessas coisas e até mesmo, perder tempo escrevendo isso na internet. Sinto-me cada dia mais fora de lugar, sem conexão com a chamada "modernidade" (ou pós-modernidade). Cada dia mais, meu pobre coração é surrado por acreditar em um tipo de amor que não existe mais. Um amor romanceado, caetaniado, shakespeariano, de entrega e respeito...
A ideia de "ninguém é de ninguém" é cada vez mais comum e massificada e eu me pergunto: qual o problema mesmo de querer somente uma pessoa ou ser somente de uma pessoa, cara?
Os que defendem o modelo poliamorista defendem que relações monogâmicas causam uma perda de liberdade... mas será mesmo? Será mesmo que a liberdade está atrelada a parte sexual? Está mesmo atrelada à conhecer fisicamente outras pessoas? Ou será que nos tempos atuais não há mais nada sólido?
Não quer se apegar a ninguém fica solteiro oras...
Onde foi mesmo que perdemos o valor das coisas?
E ao mesmo tempo que eu vejo essa onda poliamorista levando tudo, vejo pessoas cada vez mais infelizes e incompletas em suas relações. Volto a perguntar: onde foi mesmo que perdemos o valor das coisas?
Acho que sou uma alma anacrônica.
Acho que vou optar pelo celibato.
E Marcelo Camelo: eu sou mais sentimental que você.