terça-feira, 5 de agosto de 2014

A espera

A espera
Hoje pela manhã observava uma senhora que já tinha visto outrora. Talvez eu nunca tivesse enxergado-a de fato, apenas visto. Toda maltrapilha e rodeada de lixo e coisas sem qualquer valor e uma trouxa. Ela senta todos os dias em frente à Universidade na qual eu estudo e observa os carros passarem. Tal atitude sempre me despertara curiosidade e tal curiosidade só aumentou com o fato de que ela tem casa própria e marido, filhos e uma vida relativamente estável, mas ainda sim, ela senta todos os dias para observar os carros. Peguei-me pensando no que poderia estar esperando essa moça. Que sonhos traz em sua trouxa suja e cheia de trapos? O que motiva essa mulher a sair de sua casa todos os dias para observar algo ou alguém que nunca chega? Será que toda a "felicidade" que advém de uma casa própria e uma vida relativamente estável não são capazes de ao menos fazê-la conformada com sua vida?
Ela pode sofrer de uma esquizofrenia paranoide ou algo assim, mas a julgar por suas feições não parece ser o tipo de pessoa que sofra de alguma debilidade mental.
Engraçado que essa cena me levou a refletir sobre o quê que eu estaria esperando da vida. Engraçado porque eu não sabia a resposta. Engraçado que tudo pelo que lutamos para construir durante toda a vida para construir não tem qualquer sentindo se analisarmos a fundo. 
O que é que se pode esperar da vida?
Talvez a resposta venha de um desses carros.